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Charles Bukowski: Resistência e Amor

Franz Liszt [Liebestraum] - Love Dream - Viktor Chuchkov - Maestro Peter Dimitrov


 Franz Liszt - Liebestraum - Love Dream - Viktor Chuchkov - Piano Sofia Philharmonic Orchestra, conducted by Peter Dimitrov

Liszt escreveu os Liebesträume como quem desenha um suspiro que se recusa a morrer. No concerto com Viktor Chuchkov, a peça ganha corpo vivo. O piano não corre, flui. Cada frase soa como lembrança que retorna pela metade, carregada de brilho e melancolia. Chuchkov escolhe a via lírica, aquela em que a mão direita canta sem pressa e a esquerda sustenta a respiração emocional da peça. A clareza técnica nunca sufoca o afeto. Ele toca como quem abre uma janela e deixa o tema principal entrar como um vento morno.

A Sofia Philharmonic, sob Peter Dimitrov, entra com elegância medida, sem engolir o piano nem diluir sua intenção. É uma orquestra que sabe conversar. Dimitrov conduz com parcimônia, deixando Liszt respirar sem excessos. As cordas abraçam o piano em momentos de expansão, criando aquela sensação de sonho acordado que o título promete. Há uma atmosfera quase cinematográfica, mas sem derramamento. Tudo é enxuto, preciso, luminoso. O diálogo entre solista e orquestra lembra uma dança a dois que conhece bem seus passos.

No conjunto, o concerto entrega o que Liszt sempre perseguiu: emoção clara, beleza franca, intensidade que não se desculpa por existir. Chuchkov e Dimitrov tratam o Liebestraum como o que ele é, um sonho de amor que insiste em sobreviver ao mundo real. A performance traz essa chama com naturalidade. Ao final, fica a impressão de que a música suspende o tempo por um instante e devolve ao ouvinte um pedaço de esperança que parecia perdido. É Liszt na sua forma mais pura, conduzido com a leveza de quem sabe que os sonhos, quando bem tocados, respiram fundo e permanecem.

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