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ORFF: Carmina Burana - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - Ligia Amadio

 


ORFF: Carmina Burana
 Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - Coral Lírico de Minas Gerais

CARL ORFF: CARMINA BURANA
[Concertos da Liberdade – Abertura da Temporada 2025]

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
Coral Lírico de Minas Gerais
Palácio das Artes
Conductor: Ligia Amadio
Lício Bruno: Baixo-barítono
Melina Peixoto: Soprano
Aníbal Mancini:Tenor


Carmina Burana sempre chega como um trovão medieval caindo no meio da nossa sensibilidade moderna. Você pede e eu entro direto, no mesmo pulso que Orff imaginou: primitivo, exuberante, cheio daquele vigor que faz o peito tremer. A montagem da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais mantém essa força viva, quase ritualística, como se a partitura fosse uma convocação coletiva à própria energia da existência.

A abertura com O Fortuna acende o chão. É percussiva, é urgente, é um coro que não canta: brada. A gravação mineira geralmente acerta no que mais importa ali, que não é só volume, mas densidade sonora. O coro entra como massa e não como conjunto de vozes, criando esse efeito ciclópico que Orff queria. A orquestra acompanha com precisão, sustentando a tensão entre destino e desejo, que é o tema subterrâneo de toda a obra.

Quando a partitura segue para as seções centrais, mais líricas e sensuais, especialmente In Taberna e os cantos de amor, o conjunto mineiro costuma mostrar uma flexibilidade bonita: a transição sai limpa, o humor aparece, o climão mundano respira. Tudo isso desemboca no retorno final de O Fortuna, agora mais fatalista porque já vivemos o ciclo inteiro. É o eterno retorno feito música popular erudita, um mosaico de vida terrena tratado com uma vitalidade que nenhum outro compositor do século XX replicou com tanta coragem rítmica.

Carmina Burana é assim: selvagem, festiva, humana demais. E, nas mãos da Sinfônica e do Coral mineiros, ela ganha esse brilho quente, quase ritual de sala cheia, onde a música explode não só nos tímpanos, mas no corpo inteiro. É um lembrete de que a arte pode ser, ao mesmo tempo, brutal e luminosa.







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