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Graciliano Ramos: O Escritor da Palavra Exata
Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrângulo, em Alagoas, e faleceu em 20 de março de 1953, no Rio de Janeiro. Viveu parte importante da vida em Palmeira dos Índios, onde foi prefeito entre 1928 e 1930. Foi casado duas vezes, primeiro com Maria Augusta de Barros, com quem teve quatro filhos, e depois com Heloísa Medeiros Ramos, com quem teve mais quatro e viveu até o fim da vida.
Era um homem de hábitos discretos, reservado, rigoroso com o ofício da escrita e dotado de um humor cortante, quase sempre seco e irônico. Preferia o silêncio à sociabilidade fácil, mas não era antipático. Entre os colegas jornalistas e escritores, era respeitado, às vezes temido, por sua franqueza, inteligência e pela lucidez com que criticava o meio literário e a política brasileira. Tinha amizades sinceras e duradouras. Raquel de Queiroz o tratava como um irmão de alma, apesar das diferenças ideológicas. Manuel Bandeira admirava sua franqueza e sua escrita enxuta, uma prosa sem vaidades, guiada por uma ética da precisão.
Sua obra é uma das mais sólidas da literatura brasileira do século XX. Vidas Secas (1938) é seu romance mais conhecido, um retrato cru e comovente da miséria nordestina, contado em linguagem sóbria, despida de artifícios e sentimentalismos. A aridez do texto reflete a secura da paisagem e das vidas que descreve. Em São Bernardo (1934), Graciliano retrata o poder, a posse e a ruína moral através de Paulo Honório, um narrador que, à medida que se revela, também se denuncia. É um livro seco como o protagonista, feito de frases duras e incisivas.
Em Angústia (1936), o mergulho é psicológico. Luís da Silva, o protagonista, é o homem esmagado pela cidade, pela culpa, pela mediocridade e pela miséria interior. Trata-se de um romance de vozes internas, onde a tensão não vem da ação, mas do pensamento. Já Infância (1945) é um exercício de memória sem nostalgia, em que o autor reconstrói a meninice com a mesma honestidade com que constrói seus romances. Não há idealizações, apenas constatações. Memórias do Cárcere, publicado postumamente em 1953, é uma obra-prima do testemunho político e humano. Ali, Graciliano mostra a face do cárcere do Estado Novo, mas também a dignidade dos que resistem. Não há autopiedade. Há apenas o relato de quem viveu e observou com lucidez e senso de justiça.
Sua prosa é marcada por economia verbal, controle extremo da linguagem e atenção obsessiva ao ritmo e à exatidão. O estilo reflete o caráter. Escrevia como quem desbasta pedra. Tirava o supérfluo, a redundância, a imagem gratuita. Não fez concessões à moda nem ao público. Preferiu ser fiel à verdade da experiência. Foi, acima de tudo, um escritor honesto. Graciliano Ramos não quis parecer maior do que era. Quis apenas dizer o essencial.
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