Pular para o conteúdo principal

HUB Destaques

Charles Bukowski: Resistência e Amor

Como Controlar uma Crise de Pânico: Técnicas Imediatas


Aprenda o que fazer no auge da crise e descubra como reconstruir a calma a longo prazo, unindo respiração, consciência e autodomínio.

Uma crise de pânico é uma convulsão da alma que se manifesta no corpo. O coração dispara, a respiração se encurta, o pensamento se fragmenta em presságios de morte. Mas nada, de fato, está acontecendo. É o corpo reagindo como se houvesse perigo, quando o perigo não existe. Um alarme disparado por engano. O primeiro passo é enganar o próprio sistema nervoso e convencê-lo de que está tudo bem.

Respirar é o início de todo retorno. A hiperventilação alimenta o pânico, por isso é preciso retomar o controle do ar. A técnica 4-7-8 é simples e eficaz. Inspira-se profundamente pelo nariz contando até quatro, segura-se o ar até sete, e expira-se lentamente pela boca contando até oito, deixando que o ar saia como quem apaga uma vela. Esse ritmo reprograma o sistema nervoso e comunica a ele que o perigo acabou.

Depois, é preciso ancorar-se na realidade. Quando o corpo enlouquece, a mente precisa voltar ao chão. A técnica dos cinco sentidos ajuda nisso. Olhe para cinco coisas ao seu redor, toque em quatro superfícies diferentes, ouça três sons distintos, sinta dois cheiros e perceba um sabor. Cada pequeno gesto é um fio que puxa o corpo de volta para o presente. O pânico se alimenta da mente que viaja. O real é sempre mais calmo.

O aterramento sensorial é outra forma de reconexão. Segurar um cubo de gelo, lavar o rosto com água fria, sentir os pés apoiados no chão. O choque físico lembra o cérebro de que há um corpo ali, vivo, seguro, presente. Em seguida, vem o passo mais difícil e mais libertador: aceitar. Dizer a si mesmo que aquilo é apenas uma crise de pânico, que vai passar. A resistência é o alimento do medo. O acolhimento é o início da cura. “Meu coração está acelerado, mas é só adrenalina. Meu corpo está reagindo. Não há perigo.” Toda crise tem um ápice e um declínio. Sempre passa.

Distrair o cérebro ajuda a acelerar o processo. Conte de trás para frente de cem em cem, de três em três. Cante mentalmente uma música inteira. Nomeie todos os objetos de uma cor específica ao seu redor. Ao ocupar o pensamento, você retira o combustível da ansiedade. A mente, sem espaço para o pânico, volta a respirar.

Mas o alívio momentâneo não basta. É preciso compreender e tratar as causas. O pânico é um alarme falso que se repete quando o sistema aprende a temer o próprio medo. A terapia, especialmente a cognitivo-comportamental, ensina a reeducar esse reflexo. Mostra que as sensações não são perigosas, apenas mal interpretadas. Ensina o corpo a lembrar que o coração acelerado não é o fim, é apenas vida pulsando com força.

Entender o mecanismo fisiológico é parte da libertação. Saber que o pânico é apenas o sistema nervoso simpático acionado sem necessidade tira-lhe o poder. É um incêndio sem fogo, um trovão sem tempestade. Quando o corpo compreende isso, começa a confiar novamente em si mesmo.

As práticas de mindfulness e meditação reforçam esse aprendizado. Elas criam um espaço entre o gatilho e a reação. Ensinam a observar os pensamentos sem se perder neles. É um treino para a liberdade interior. E, para que o corpo sustente a mente, é indispensável cuidar da rotina. Exercícios físicos regulares, sono suficiente e uma alimentação equilibrada mantêm o sistema nervoso estável. O corpo calmo é a casa da mente em paz.

Em alguns casos, o apoio médico é fundamental. O psiquiatra pode oferecer o suporte químico que o cérebro precisa para romper o ciclo de medo e exaustão. Isso não é fraqueza, é sabedoria. Pedir ajuda é o gesto mais lúcido de quem quer viver com dignidade.

O pânico, no fundo, é uma onda. Ela vem forte, assusta, arrasta. Mas sempre recua. O segredo está em não lutar contra ela, e sim aprender a flutuar. Respirar, aceitar, compreender, tratar. Reaprender a confiar no corpo. Porque no fim, vencer o pânico é reconquistar o próprio território interior. É lembrar-se de que a coragem não é ausência de medo, mas a decisão de continuar mesmo tremendo.

Saulo Carvalho

[Anotações e Pesquisas]

Comentários

Mais Lidas