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A Vaidade em Matias Aires
A Vaidade na Abordagem de Matias Aires
Matias Aires é, para mim, uma dessas figuras que o tempo quase esconde, mas que voltam à superfície quando a inteligência humana precisa se olhar de novo no espelho. Nascido no século XVIII, em São Paulo, e formado em Filosofia e Direito em Coimbra, ele foi um pensador que escreveu em português com a precisão e o ceticismo de um moralista francês. Em sua obra principal, Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, ele observou a alma humana com o olhar desconfiado de quem já sabia que as grandes virtudes escondem pequenas fraquezas. Seu estilo é elegante, mas implacável, e seu pensamento tem algo de intempestivo: não acusa, apenas revela o que todos fingem ignorar.
Ler Matias Aires é um exercício de desilusão lúcida. A vaidade, para ele, é o eixo secreto de todas as ações humanas. Não se trata apenas da busca pela aparência ou pelo elogio, mas da necessidade de sermos vistos, reconhecidos e validados. É uma fome disfarçada de brilho. Quando li suas páginas, senti a estranha serenidade que vem de se reconhecer no erro. Entendi que a vaidade é o motor que move o mundo com disfarces morais e aparências de virtude. Nada escapa dela. Até o ato de desprezá-la já é uma forma refinada de exibi-la.
Vejo nisso algo profundamente humano e, por isso mesmo, inescapável. Matias Aires não despreza o homem vaidoso, porque sabe que o homem sem vaidade é uma abstração. Ele apenas o observa com a ironia de quem compreende o jogo. Talvez por isso suas reflexões, escritas há quase trezentos anos, ainda soem atuais. Vivemos cercados de espelhos digitais, de vozes que se projetam para o mundo à espera de retorno. A vaidade, que antes vestia perucas e latinismos, hoje se mascara de autenticidade. O palco é o mesmo, apenas o cenário mudou.
Ao terminar sua leitura, percebi que não há escapatória elegante da condição humana. A vaidade é o sopro que nos mantém vivos, mas também o veneno que nos impede de enxergar o essencial. Matias Aires sabia disso e escreveu como quem deixa um aviso silencioso aos séculos seguintes: tudo o que fazemos para parecer, termina por nos afastar do ser.
Saulo Carvalho
[Ensaios de Filosofia]
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